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“A jornada de crescimento e desenvolvimento pessoal é constante e permanente para o resto da vida.”


Filipa Maia é coach, mentora e formadora na área dos negócios digitais e ajuda os empreendedores conscientes a elevarem a sua mensagem e a expandirem o seu impacto através de estratégias e frameworks de posicionamento, comunicação e vendas, para que possam criar uma vida com propósito, liberdade e abundância.

Há um ano publicamos o livro “Empreender sem Limites” e para comemorar esse marco estivemos à conversa com a autora Filipa Maia.

Para quem não te conhece, quem é a Filipa e qual é tem sido o teu percurso?

Sou, acima de tudo, uma criadora. Se tivesse de resumir aquilo que sou numa única palavra, seria essa, criadora. Tenho 38 anos, sou empreendedora, escritora, mentora e formadora. Mas não comecei por aqui. Durante muito tempo sonhei em ser cientista, tirei o curso de Engenharia Química na FEUP, um doutoramento em Engenharia Química e Biológica e consegui o emprego dos meus sonhos em 2013 como cientista de desenvolvimento farmacêutico, onde fui muito feliz durante mais de 4 anos.

Até que deixei de me sentir feliz nesse emprego e em 2017 demiti-me para poder fazer outras coisas. Voltei a estudar, fiz um curso profissional de Estratégia de Marketing Digital, uma pós-graduação em Branding e Content Marketing e em 2018 comecei o meu próprio negócio, como freelancer na área do Marketing de Conteúdos. Depois certifiquei-me como coach e comecei a conduzir processos de Brand Coaching, e mais tarde Business Coaching. Hoje em dia, ajudo empreendedores conscientes a fazerem crescer os seus negócios digitais através da Academia de Negócio Digital e do meu programa de elite Acelerador de Autoridade e Abundância.

Como surgiu a ideia do livro “Empreender sem limites”? E qual é o seu principal objetivo?

A ideia surgiu numa semana em que conduzi várias sessões de coaching em que todas as minhas clientes estavam a enfrentar problemas criados pelos seus bloqueios internos. Eu chegava ao fim de cada sessão e pensava “Se ela ao menos soubesse…”. Se ela ao menos soubesse que os resultados dela não dizem nada sobre a pessoa que ela é, tudo ficaria mais fácil. Se ela ao menos soubesse que todas as respostas já estão dentro dela, tudo ficaria mais fácil.

Se ela ao menos soubesse que as expectativas são o maior bloqueio à abundância, tudo focaria mais fácil. Ao fim da quatro ou cinco situações destas, decidi pegar numa folha de papel e fazer uma lista com todas estas aprendizagens que eu sabia que as minhas empreendedoras precisavam aprender para conseguirem ultrapassar os seus bloqueios internos. Cheguei ao fim com uma lista de 10 aprendizagens importantes e quando olhei para essa lista pensei “está aqui o índice do meu primeiro livro”. E não descansei mais enquanto não terminei de escrever o Empreender Sem Limites.

O principal objetivo deste livro é exatamente tentar ajudar os leitores a apreenderem e incorporarem estas lições e a ultrapassarem estes bloqueios internos, para que a jornada do empreendedorismo se torne mais leve e mais fácil.

No livro referes: “O maior obstáculo ao teu sucesso és tu.” Que lição devem os empreendedores retirar desta frase?

A maior lição que está nesta frase é a de que devemos estar constantemente a olhar para dentro. A jornada de crescimento e desenvolvimento pessoal é constante e permanente para o resto da vida. A minha definição de sucesso é muito simples: trata-se de conseguires alcançar aquilo que desejas, seja lá o que isso for, desde mais clientes e mais dinheiro, até mais tempo para ti, passando por relações mais harmoniosas ou mais saúde. Como desejas sempre mais qualquer coisa do que aquilo que tens no momento (faz parte da natureza humana), e como os teus resultados são diretamente proporcionais ao teu desenvolvimento pessoal e espiritual, então só olhando para dentro e trabalhando em ti é que vais conseguir alcançar o próximo estágio do teu sucesso.

Muitos empreendedores têm receio de tomar decisões erradas e acabam por se retrair no processo de tomada de decisão. Na tua opinião, existem decisões certas e erradas?

Na minha opinião, a única decisão errada é aquela que deixas que os outros tomem por ti. Isto pode acontecer no sentido literal de “outra pessoa tomou uma decisão por mim, porque eu não fui capaz de decidir”. Mas muitas vezes acontece por condicionamentos a que estamos sujeitos. Por exemplo, ouvimos um especialista a dizer que para ter sucesso nas redes sociais temos de publicar todos os dias, e “tomamos a decisão” de publicar todos os dias.

No entanto, essa decisão não foi tomada em alinhamento, mas sim por influência de outra pessoa, que pode estar certa ou errada. Estas decisões que deixamos que outros tomem por nós também podem estar relacionadas com condicionamentos criados pelas nossas famílias ou mesmo pela sociedade. A ideia de que ter sucesso é arranjar um bom emprego, casar, comprar casa e ter filhos, e trabalhar 40 horas por semana até aos 65 anos, por exemplo. Ou quando crescemos a ouvir os nossos pais dizerem que para termos uma boa vida temos de ir para a faculdade. O que acaba por acontecer é que vamos para a faculdade sem realmente pararmos para refletir se isso é mesmo o que queremos. Ou casamos e temos filhos só porque é a próxima coisa a riscar numa lista de coisas a fazer para estar bem inserido na sociedade.

Quando tomamos uma decisão em plena consciência, então não existem decisões erradas. Se eu decidir que quero publicar todos os dias nas redes sociais porque isso é o que faz mais sentido para mim, é assim que eu me sinto bem e é uma coisa que gosto de fazer, e não porque aquele especialista disse que é assim que tem de ser, então essa é uma decisão certa. Da mesma forma que eu posso ouvir o tal especialista a dizer que eu devia publicar todos os dias e em plena consciência decidir que o melhor para mim neste momento é publicar apenas 3 vezes por semana ou só quando me apetecer. Também essa é uma decisão certa. Assim sendo, não existem decisões erradas, apenas a decisão certa para cada pessoa em cada momento específico.

O teu livro, ao contrário da maior parte dos livros de empreendedorismo, foca-se na pessoa que quer empreender. Um dos fatores essenciais, e que tu dás destaque, é o autoconhecimento. De que forma a capacidade de autoconhecimento pode determinar o sucesso de um empreendedor?

O autoconhecimento é fundamental para os empreendedores conseguirem criar um negócio que é totalmente alinhado consigo. Um negócio que dá uso às suas maiores forças da forma mais otimizada, que contorna as suas maiores dificuldades de forma estratégica. É também importante para que consigamos reunir-nos de pessoas (membros de equipa, mentores) que são complementares a nós. O autoconhecimento pode tratar-se apenas de observar e prestar atenção. Trata-se também de sermos radicalmente honestos em relação à forma como nos sentimos em cada momento. Quando sabemos muito bem qual é a nossa natureza e como funcionamos, conseguimos criar uma realidade e um projeto de vida em que a forma como funcionamos é exatamente a forma certa para aquilo que estamos a criar.

Qual é o papel da intuição no empreendedorismo? Estamos perante um aliado ou um obstáculo?

A intuição é sempre um aliado! Não podemos é esquecer-nos que ela é potenciada pelo conhecimento. Intuição sem conhecimento é como uma mesa com duas pernas em vez de quatro. Não vai segurar-se. Gosto sempre de relembrar a Lei do Género, uma das Leis Universais, que nos dias que nos diz que nada pode ser criado sem a aliança entre os elementos femininos e masculinos. A intuição é puramente feminina – e isto nada tem que ver com ser mulher ou homem, é apenas uma questão de energia. Por outro lado, o conhecimento e a estrutura são masculinos em termos de energia.

O que acaba por acontecer é que a maior parte dos empreendedores cai muito para um destes polos. Há os que se baseiam apenas no conhecimento e tudo o que fazem é estruturado e estratégico, sem nunca ouvirem a sua voz interior a indicar outro caminho. Estão a perder oportunidades mágicas por terem a sua intuição tão apagada. E há outros que se deixam guiar apenas pela intuição. Nada é estruturado, nada é estratégico, tudo é apenas uma questão de sensação e emoção. Também estes estão a perder oportunidades valiosas por nunca seguirem um conhecimento estruturado que já existe.

Como sempre, a magia acontece no equilíbrio. É quando temos a capacidade de seguir uma estrutura e uma estratégia bem definidas, mas conseguimos descolar-nos dessa estrutura sempre que a nossa intuição diz para ir por outro caminho, que ganhamos o melhor dos dois mundos. Claro que para conseguir isso é necessário ter conhecimento sobre estratégia de negócios e, ao mesmo tempo, aprender a escutar a nossa intuição e a ouvir a nossa voz interior.

Quais foram as maiores aprendizagens que retiraste do teu percurso enquanto empreendedora?

Penso que a maior aprendizagem é a de que o empreendedorismo consiste numa série de experiências. Tudo o que fazemos é uma experiência, algo que tentamos e que não sabemos que resultados vai trazer. Apenas observamos os resultados e depois decidimos, de forma informada, qual deverá ser a experiência seguinte, tal como um cientista num laboratório. Isto significa que nenhuma experiência isolada dita o potencial de sucesso do nosso negócio. Porque há sempre mais uma experiência para tentar, mais um caminho para explorar.

O que te levou a criar a Academia Negócio Digital?

Tudo aquilo que eu crio tem o objetivo de colocar o meu conhecimento ao serviço das pessoas que mais precisam desse conhecimento. A Academia de Negócio Digital é um programa de subscrição onde está reunido tudo aquilo que eu alguma vez criei sobre negócio digital. No fundo, é um programa que reúne todo o meu conhecimento na área, ou seja, todo o conhecimento que eu própria já usei (e uso) para continuar a fazer crescer o meu negócio.

A ideia para a Academia surgiu quando eu percebi que já tinha criado muitos cursos e programas e que, na verdade, qualquer empreendedor digital irá precisar de todo esse conhecimento, ainda que em fases diferentes do seu negócio. Então pensei: porque não reunir tudo num mesmo lugar, para que a pessoa tenha de se inscrever apenas num programa e ter acesso a tudo o que vai precisar ao longo de toda a vida do seu negócio? No fundo, é uma espécie de Netflix dos negócios digitais, em que pagamos uma mensalidade e temos acesso a todo o tipo de conteúdos. Não vamos consumir todas a séries e filmes que a Netflix proporciona num mês, nem sequer num ano, mas ao longo de vários anos vamos explorando aquilo que faz mais sentido para nós em cada momento. A Academia é exatamente assim.

Além disso, dum ponto de vista mais pessoal, eu sou uma criadora e vou continuar a criar cursos e programas, não há como fugir a isso. Mas por outro lado, eu defendo que devemos ter um modelo de negócio minimalista, com poucos produtos, de forma a minimizar a complexidade e o trabalho que o nosso negócio dá. Ao criar muitos cursos e programas, estava já a aumentar a complexidade do meu negócio, e mais ainda isso iria acontecer porque eu não consigo parar de criar. Então a solução perfeita foi mesmo colocar tudo dentro do mesmo programa de subscrição e continuar a criar à vontade, sem que isso acrescentasse mais complexidade ao meu negócio. Na minha opinião, é uma solução de win-win para todas as partes!

Tendo em conta a tua experiência, quais são os principais desafios que identificas no âmbito dos negócios digitais?

Os principais desafios estão perfeitamente alinhados com os diferentes “departamentos” de um negócio. Os mais evidentes são o alcance e as vendas, alinhados com os departamentos de Marketing e de Vendas. A maior parte dos empreendedores tem dificuldade em chegar a mais pessoas, não sabe muito bem o que comunicar para conseguir transmitir a sua mensagem de forma a criar interesse e a chegar a mais pessoas.

Ao mesmo tempo, os empreendedores começam um negócio porque querem entregar algo, um produto ou um serviço. Mas depois deparam-se com o facto de que precisam de vender esse produto ou serviço e isso gera, muitas vezes, desconforto que é sentido do lado do comprador, o que dificulta ainda mais o processo de venda. Depois, no departamento da Gestão do Produto, muitos empreendedores têm dificuldades em criar e entregar produtos e serviços bem estruturados, que vão ao encontro daquilo que as suas pessoas precisam, ao mesmo tempo que são otimizados para benefício do empreendedor e do negócio – seja em termos de retorno ou de lifestyle.

Há também o departamento das Operações, em que a maior parte dos empreendedores tem dificuldade em fazer a manutenção do dia a dia do negócio, uma vez que somos, por natureza, criativos e criadores, e não operacionalizantes, ou seja, preferimos sempre estar a criar a coisa seguinte do que tratar dos detalhes que são mais mundanos mas ainda assim fundamentais ao funcionamento de um negócio.

E finalmente, o departamento da Liderança, em que devemos definir muito bem uma missão e uma visão para o futuro do negócio. Esta também acaba por ser uma dificuldade grande para muitos empreendedores, seja porque não conseguem ter uma visão a muito longo prazo, ou porque estão tão focados em resultados (numa fase inicial, porque ainda não os têm, ou numa fase mais avançada, porque querem ter mais), que não conseguem ter tempo para realmente refletirem sobre onde estão, para onde querem ir, e como vão fazer para chegar lá.

Que conselhos darias a quem quer começar um negócio digital?

Aquele conselho já tão banal: começa. Começa mesmo que ainda não te sintas preparado. Principalmente quando falamos de um negócio digital, em que não é preciso muita coisa para começar (ao contrário de um negócio físico, em que talvez sejam precisas instalações, matérias primas, stock, etc.), a chave para o sucesso está mesmo em começar e não parar enquanto não encontrares aquilo que funciona para ti – mais uma vez, em termos de resultados e de lifestyle.

Começa a comunicar, essa é a forma mais fácil de começar e, hoje em dia, com todas as redes sociais e plataformas que temos à nossa disposição, é fácil de fazer. Basta escolher uma plataforma – basta uma! – e começar. Começa a reunir uma comunidade de pessoas que têm algo a aprender contigo. Começa a aprender muito sobre quem são essas pessoas. E depois, vende-lhes exatamente aquilo de que elas precisam para conseguirem a transformação ou o resultado que elas mais desejam.

Quais são os projetos que tens em agora curso e quais são os teus planos para os próximos tempos?

Planos para os próximos tempos nunca faltam! Em primeiro lugar, continuar a ajudar os meus alunos da Academia de Negócio Digital e do Acelerador de Autoridade e Abundância. Já sei quais são os próximos dois cursos que vou criar para estes alunos e estou muito entusiasmada para abordar estes temas das próximas formações (que ainda não posso revelar). Depois, ainda na frente de negócio, eu e a minha equipa estamos a trabalhar num novo projeto que vai continuar a ajudar o tipo de empreendedores que temos vindo a servir, mas de uma forma completamente diferente.

Estou também já a pensar no próximo livro que não-ficção que quero escrever, enquanto termino um manuscrito de ficção juvenil em inglês. Finalmente, quero voltar a pegar no meu primeiro manuscrito de ficção em português e reescrevê-lo, incorporando tudo aquilo que aprendi nos últimos anos desde a sua escrita inicial, com a intenção de colocar no mundo esta história cujo tema é a busca dos nossos maiores sonhos.